sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O Carisma do Movimento dos Cursilhos de Cristandade (MCC) - Essência e Finalidade

1- Introdução
A Igreja reconheceu formalmente ao MCC um Carisma próprio, original e genuíno, que o caracteriza, identifica e distingue dos outros novos Movimentos, Associações e Comunidades na Igreja.
Do aprofundar do estudo do Carisma do MCC a Igreja espera uma renovação do Movimento, para uma maior fidelidade à sua inspiração original, para uma maior fidelidade à missão que lhe foi dada pelo Espírito Santo ao suscitar este Movimento na Igreja e para poder levá-la a cabo em constante sintonia eclesial, para que assim se manifeste a força da comunhão.
O Papa João Paulo II, na III Ultreia Mundial, em Roma, a 29 de Julho de 2000, pediu a renovação do MCC para dar respostas aos desafios da nova Evangelização no novo milénio: “Apoiando-se nas suas ricas experiências espirituais, que são um tesouro, aceitem os desafios que o nosso tempo coloca à Evangelização e sem medo dêem-lhe resposta”.

2- Carismas
2.1- Que são os Carismas?
Na origem dos movimentos está sempre uma Graça especial, concedida por Deus à Igreja de um modo directo ou indirecto, servindo-se Deus de certas situações históricas da Igreja ou da sociedade ou de certas necessidades dos homens, a que é necessário e urgente dar resposta.
Carisma é uma palavra que vem do grego kharisma e que deriva da palavra kharis (graça).
Carismas são dons de Deus, distribuídos pelo Espírito Santo a uma ou várias pessoas, não para benefício próprio, mas sim para benefício de todos e para edificação do reino de Deus, ou seja são dons de Deus que nos capacitam para o bem de todos ou ainda são dons de Deus para o bem da Igreja.
2.2- Discernimento dos Carismas:
Os Carismas são universais ou seja, há Carismas para todos; os Carismas são variados, pelo que há Carismas para todo e qualquer um de nós.
É sempre necessário o discernimento dos Carismas; nenhum Carisma dispensa a referência e submissão aos Pastores da Igreja. Os Pastores da Igreja têm o Carisma de discernir os Carismas, têm a responsabilidade de apreciar a sua genuína natureza e a sua devida aplicação, não para sufocar mas sim para enquadrar devidamente.
O processo de discernimento do Carisma do MCC foi iniciado por D.Juan Hervas, Bispo da Igreja de Palma de Maiorca e a ele seguiram-se todos os Bispos Diocesanos que aceitaram o MCC nas suas dioceses.
2.3- Qual é o Carisma do MCC?
O Carisma do MCC é um dom que o Espírito Santo derrama em sua Igreja, que cria uma mentalidade e um movimento laical diocesano, que mediante um método próprio e através da amizade, busca a conversão através do triplo encontro pessoal connosco próprios, com Cristo e com os Irmãos, possibilitando a vivência e a convivência do fundamental cristão, ajudando a descobrir, a viver e a realizar a vocação pessoal, no respeito pela mesma, e proporciona a criação de núcleos de cristãos que vão fermentando de Evangelho os ambientes.
O Carisma dos Cursilhos, surgiu com força e para dar vida; o Espírito Santo lançou, sobre o mundo, uma onda de esperança.

3-Definição ou descrição do Movimento dos Cursilhos de Cristandade
Tem havido várias tentativas de definir ou descrever o MCC; vejamos uma delas:
“O MCC é uma Associação de fiéis leigos, actuando na Igreja católica, que tem por finalidade preparar lideranças cristãs para actuação nos ambientes e estruturas, fermentar o Evangelho, pelo testemunho e pela acção pessoal e organizada dos seus membros, formar dirigentes para a expansão do movimento e zelar pela fidelidade ao Carisma, à essência, à finalidade e ao método do MCC”.
Esta definição parece-nos bastante incompleta, ao definir o MCC como Associação que não é, como veremos mais à frente, ao não referir como membros os Sacerdotes e ao não referenciar a descoberta e realização da vocação pessoal de cada um dos seus membros.
Comparemo-la com a definição do MCC que vem no nº74 do Ideias Fundamentais:
“Os Cursilhos de Cristandade (o MCC) são um movimento de Igreja que, mediante um método próprio, possibilitam a vivência e a convivência do fundamental cristão, ajudam a descobrir e a realizar a vocação pessoal e tornam possível a criação de núcleos de cristãos que vão fermentando de Evangelho os ambientes”.
Então quem somos?
- Somos um Movimento!
- Somos um Movimento de Igreja!
- Que tem um método próprio.
- Que permite a vivência e a convivência do fundamental cristão.
- Que ajuda a descobrir, a viver e a realizar a vocação pessoal, no respeito pela mesma.
- Que torna possível a criação de núcleos de cristãos.
- Que vão fermentando de Evangelho os ambientes.

4- Essência do MCC
Nesta definição ou descrição de MCC, referida no Ideias Fundamentais, fica claramente assinalado o seu quê, a sua Essência:
O MCC, sendo algo vivo e dinâmico, está sujeito a mudanças e aperfeiçoamentos; está em renovação permanente. O MCC foi evoluindo ao longo da sua existência, adaptando-se às situações da Igreja e do mundo. Porém o MCC, como tem vida própria, possui um núcleo interno que faz com que ele seja e continue a ser aquilo que é através de todas as mudanças. É essa a sua essência.
Por “essência” entende-se o que é permanente e invariável, o que é necessário e indispensável, a medula do MCC. Podem mudar as circunstâncias mas a identidade do núcleo interno, a essência mantém-se, ela é imutável.
Nas palavras de Romano Gardini “Cristianismo não é, em última análise, nem uma doutrina da verdade, nem uma interpretação da vida. Também é isso mas nada disso constitui a sua essência nuclear. A sua essência é constituída por Jesus de Nazaré …”
Vemos assim, que a essência da Igreja é Jesus Cristo e como o MCC é um movimento de Igreja a sua essência é também Jesus Cristo.
Numa análise mais detalhada, o MCC, os Cursilhos de cristandade, baseiam a sua essência na Boa Nova do Amor de Deus.
Por conseguinte a essência dos Cursilhos é:
- A realidade do Amor
- A realidade da Amizade
- A realidade de que Cristo é meu/nosso amigo
A Boa Nova de que Deus, em Cristo, me/nos ama.

5- O MCC é um movimento
É um movimento porque é um conjunto de pessoas que livremente se associam, onde não há laços jurídicos. Num movimento as pessoas não se inscrevem, não pagam quota e não são membros de qualquer Associação; a participação no movimento é livre e aberta a todas as pessoas que demonstrem simplesmente vontade de ser parte activa do mesmo.
Este movimento surgiu na década de 40, em Palma de Maiorca, quando alguns cristãos - sacerdotes e leigos - em íntima comunhão com o seu bispo, chegaram a compartilhar a mesma mentalidade e a conviver a mesma inquietação apostólica, e começaram a trabalhar com a mesma finalidade: tornar o mundo mais cristão, tornando mais cristãos os homens e as mulheres que habitam esse mundo.
E com um mínimo de organização, começaram o seu trabalho, experimentando um determinado método para conseguir a finalidade pretendida.
Aquele grupo inicial foi crescendo e hoje são já muitos os grupos de cristãos que, mediante um método próprio, incarnam nas suas vidas esses princípios e levam o Evangelho aos seus ambientes.

6- O MCC é, assim e por isso, um Movimento de Igreja
É um movimento de Igreja porque é um conjunto de fiéis - Sacerdotes e Leigos - livremente associados, pela sua vontade de compartilhar, a partir de uma experiência comum de encontro com Cristo, um itinerário de fé, uma mentalidade (ideias, critérios, convicções, valores, atitudes e opções) e uma intenção comum, como resposta solicitada pelo Espírito Santo em circunstâncias concretas, e que se organizam para fazer apostolado. Para poder participar no MCC basta ter vivido a experiência de um Cursilho de Cristandade e demonstrar vontade de fermentar de Evangelho os seus ambientes.
Foi o Santo Padre João Paulo II quem primeiro utilizou a palavra movimento para explicar o mistério da Igreja.
Ouçamos as suas palavras, dirigidas aos Movimentos Internacionais Católicos, em 27/09/1981:
“Como bem sabeis a própria Igreja é um movimento. E, sobretudo, é um mistério: o mistério do eterno amor do Pai, do seu coração paterno, onde começa a missão do Filho e a missão do Espírito Santo. A Igreja que nasce dessa missão é missionária. Ela própria é um movimento que se inscreve na história do homem - pessoa e das comunidades humanas. A proclamação dinâmica do Evangelho começou com a vinda do Espírito Santo em forma de vento e fogo. A mensagem da morte e ressurreição de Cristo não é um acontecimento estático. Exige movimento. Trata de atingir outros. Exige ser espalhada ao longe e amplamente”.
São também de João Paulo II estas palavras: “O Vosso Movimento pede-vos que sejais fermento na massa do mundo … actuando no mundo”.

7- Finalidade do movimento dos Cursilhos de Cristandade (MCC)
Toda a mensagem tem um destino. Esse destino é o que dá sentido à mensagem. A finalidade é o “objectivo” do para que se faz qualquer coisa. A finalidade é o destino da essência.
A finalidade do carisma dos Cursilhos dirige-se à Pessoa e a todas as pessoas. A finalidade é dar a conhecer a todas as mulheres e homens do mundo a Boa Nova de que “Deus, em Cristo, me/nos ama”.
7.1- Como se consegue esta finalidade?
Esta finalidade consegue-se “Fazendo Cristãos para edificar cristandade”.
a) Fazer Cristãos é procurar, com toda a nossa fé, que todos os baptizados sejam:
- Santos, vivendo em graça, caminhando em sintonia com a Igreja;
- Apóstolos, preocupando-se para que Cristo viva em todos;
- Homens e Mulheres com personalidade profunda e incisiva na normalidade;
- Do seu tempo, ao ritmo das suas necessidades e exigências.
b) Edificar cristandade consiste em “Despertar todo o corpo místico”.
7.2- Para onde se orienta a finalidade dos Cursilhos?
A finalidade dos Cursilhos orienta-se para a fermentação da vida ordinária ou seja para a fermentação dos ambientes em que cada um vive; esse fermentar, na óptica dos Cursilhos, implica três tempos essenciais: Quem, Como, Para quem e onde.
a) Quem é que há-de levar o fermento e fermentar? Somos nós;
b) Como havemos de fermentar? Só há um caminho ou método, através da amizade;
c) Para quem levamos o fermento e onde devemos fermentar? Para aqueles que vivem nos nossos ambientes.
Sem qualquer dúvida, é evidente que todas as pessoas hão-de saber que Deus as ama. Todas as pessoas hão-de desfrutar do amor de Deus. E entre todas as pessoas do mundo, a atenção do carisma dos Cursilhos destina-se e dirige-se de uma forma especial para os afastados, aos que andam afastados do Senhor.

8- Finalidade essencial dos Cursilhos
O fim ou finalidade essencial dos Cursilhos é, pois, criar um mundo de amigos nos nossos ambientes e esta finalidade do MCC pode considerar-se centrada em três conceitos: Afastados, Ambientes e Amizade.
8.1- Afastados:
São os que não têm fé, ou não sabem se a têm, ou não querem ter fé, porque vivem absorvidos pelas coisas que julgam importantes, mas que não os enchem.
São os que não estão informados, ou estão mal informados, ou estão desinformados.
Estão afastados porque ninguém lhes falou de deus ou porque não quiseram escutar. Ou talvez, porque o que lhes chegou, não foi em linguagem e estilo próprio para eles.
Essas pessoas vivem nos seus ambientes e nunca saberão que Deus as ama, porque não frequentam as paróquias, ou, se o fazem, é só pontual e esporadicamente, para dar satisfação a algumas solicitações sociais: baptizados, comunhões, casamentos e funerais. Mas não ouvem ou não querem ouvir, não entendem ou não querem entender. É evidente que não participam nas actividades paroquiais nem recebem os Sacramentos. Vegetam, espiritualmente, na massa do mundo.
A solução está em ir semeando e espalhando a fome de Deus no mundo, mas sem propor nenhum meio específico para a saciar.
Estes homens e mulheres tomarão conhecimento da Boa Nova, saberão que Deus os ama, apenas se alguém lho disser. Se alguém for ter com eles no seu círculo quotidiano de vida, no seu ambiente.
8.2- Ambientes
A massa”, o lugar, o ambiente é o campo de trabalho do Movimento dos Cursilhos de Cristandade.
Os ambientes, os rincões da vida quotidiana, são o lar, o escritório, a oficina, o bar, o campo de jogos, a praia, a escola, a universidade, o táxi, o comboio, e todos os lugares de cada posto que as pessoas ocupam, no seu concreto dia a dia.
Esses homens e mulheres a quem, através dum Cursilho, se provocou fome de Deus, hão-de regressar e permanecer nos seus ambientes. Não devem ser tirados das suas realidades e levados a trabalhar numa realidade diferente daquela em que estão inseridos, por muito boa que ela seja. O Cursilho não é para os tirar de lá, pois é lá que devem fermentar de Evangelho.
A finalidade do MCC “não está orientada para alimentar as estruturas eclesiais” mas apenas para criar um mundo de amigos., edificando Cristandade nos ambientes naturais.
O Papa João Paulo II apontou aos cursilhistas a finalidade dos Cursilhos: “O Vosso Movimento pede-vos que sejais fermento na massa do mundo…actuando no mundo”.
As pessoas que no Cursilho captaram a simplicidade da mensagem, hão-de permanecer na sua realidade, nos seus próprios ambientes, fermentando Cristandade, através da amizade com aqueles com quem convive: familiares, colegas de trabalho, amigos, etc.
8.3- Amizade (Testemunho)
Os afastados precisam de alguém que vá aos seus ambientes dizer-lhes que Deus os ama. Só assim o saberão.
Os afastados escutarão quem vá dizer-lho. Mas só escutarão a quem for, se esse que for se apresentar e actuar com amizade, com atitudes desprendidas de egoísmo, …com gestos cheios de amor.
Além disso, estas pessoas a quem se dirige a finalidade dos Cursilhos, necessitam de ser amadas como deus ama, isto é, tal como são, não como nós desejaríamos que fossem.
Os afastados captam, geralmente, a identificação entre a sua ânsia de felicidade e a vida de Cristo, se a vêem concretizada noutros que sejam do seu ambiente e que os tratam como amigos, porque, como nos disse o Papa Paulo VI, “o homem de hoje escuta mais facilmente as testemunhas que os mestres”.
O Convite de Jesus quando diz “Ide!”, dirige-se a todos.
“Designou outros setenta e dois e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e aldeias onde havia de ir”(Lc 10, 1-12). Estes setenta e dois discípulos eram, provavelmente os que ele tinha reunido até esse momento, ou pelo menos, todos os que o seguiam com uma certa regularidade.
Nós, leigos, somos os sucessores desses setenta e dois…
E Jesus enviou-os dois a dois, para incutir a caridade, como sublinhou São Gregório Magno “nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(Jo 13,35).
A finalidade imediata dos Cursilhos é dar conhecimento, convencimento, vivência e convivência do Fundamental Cristão, expandindo-o nos ambientes, na massa do mundo onde se vive a vida ordinária, a vida do dia-a-dia.
Havemos de nos aproximar das pessoas, dando testemunho de amizade, para que se encontrem com Cristo. Sem pretender tirá-las dos seus locais para as levar para outros. Será a única forma pela qual os afastados nos poderão receber.
Havemos de continuar a criar amizade entre as pessoas com quem nos encontremos no metro quadrado móvel em que o senhor nos colocou, para que todos, especialmente os afastados, saibam que Deus nos ama.

9- Bibliografia consultada, com transcrição parcial dos seus textos:
1- Artigo de Juan Ruiz, Presidente do Organismo Mundial dos Cursilhos de Cristandade (OMCC), publicado no seu Boletim mensal, de 01 Abril 2009;

2- Artigo Cursilho Jovem, no site da Diocese de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil;

3- Site do Missionário Pe António Diufain Mora, que fez o seu Cursilho de 13 a 16 de Dezembro de 1979, em Madrid;

4- O Livro do MCC – Ideias Fundamentais.



Meus caros irmãos em Cristo,
assim termina a apresentação deste nosso trabalho. que serviu para a reunião de Escola no dia 27 de Outubro e servirá também para a reunião de escola do dia 10 de Novembro de 2009.
De Colores
Bragança, 06 de Novembro de 2009
Adília e Amílcar Pires












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