sexta-feira, 4 de junho de 2010

OS CURSILHOS EM PORTUGAL – RETALHOS DA SUA HISTÓRICA

1 – “COMO NASCERAM OS CURSILHOS”
O Movimento dos Cursilhos de Cristandade nasceu em Palma de Maiorca (Espanha), na década de 40, do século passado, através de um jovem leigo Eduardo Bonnim Aguiló, pela graça do Espírito Santo.
Este jovem de então, Eduardo Bonninm Aguiló, nascido em Maiorca a 04 de Maio de 1917 no seio de uma família cristã; na guerra civil Espanhola, foi incorporada no serviço militar durante nove anos e quando se relacionava com outros jovens cada um com valores muito diferentes, compreendeu que Deus os amava. Começou então a interessar-se por lhes dar a conhecer essa realidade. “Cristo ama-te”. Era a sua expressão que ainda hoje ecoa nos nossos ouvidos. Cristo ressuscitado ama cada um em particular e pessoalmente e está presente quando 2 ou 3 se reunirem em Seu nome . Providencialmente cai nas suas mãos o texto de um discurso que Pio XII tinha feito aos párocos e pregadores da Quaresma de Roma. O Santo Padre incitava a procurar caminhos “novos” diferentes dos habituais, para fazer que todos, muito especialmente os afastados conhecessem o Amor de Deus.
Três princípios se convertem nas directrizes do pensamento de Eduardo e do grupo de amigos que com ele partilhavam as mesmas preocupações apostólicas:
- O Amor de Deus, a Amizade e a Pessoa, especialmente os afastados.
Ele próprio refere: - O Movimento dos Cursilhos, pela graça de Deus e pelas orações de muitos nasceu de uma preocupação pelo homem concreto, normal, quotidiano, a aceitação da vida de cada dia e angustiado pelo simples facto de ter que viver, pelo homem que raramente dispõe de tempo para pensar por que vive e menos ainda para se ocupar e preocupar com o sentido da sua existência. Pretendia e ainda se pretende hoje que a liberdade do homem se encontre com o espírito de Deus. A partir daí dedicou toda a sua vida a desenvolver a conjugação destes princípios, expressando as conclusões num trabalho, a que dá vida, com o título de “O Estudo do Ambiente”, princípio e origem de tudo o que veio depois (Eduardo Bonnin).
Depois de assistir em Lluc, durante a Semana Santa de 1943, ao Cursilho de Adelantados ou Chefes de Peregrinos que se celebrou para preparação da Peregrinação a Santiago em 1948, Eduardo considera que a Estrutura do mesmo, ainda que com retoques substanciais poderia ser útil para dar vida real aos princípios contemplados no “ Estudo do Ambiente”.
Com estes membros e com o apoio maioritário de Centro de Acção Católica de Felanitx, organiza-se e realiza-se o Primeiro Cursilho da História, de 20 a 23 de Agosto de 1944 num chalé emprestado - “Mar i Pins” - em Cala Figuera (Santanyi), com Eduardo como Reitor. Com os mesmos esquemas de lições ou rolhos, utilizados em Cala Figuera, salvo mínimas alterações, realizaram-se mais quatro cursilhos entre 1945 e 1948. De 7 a 10 de Janeiro de 1949 celebrou-se mais um Cursilho em San. Honorato, sob a euforia da Peregrinação a Santiago, ao qual se decidiu numerar oficialmente como Cursilho nº 1.
O fogo que se acendeu em Maiorca, propagou-se imediatamente até chegar a todos as partes do mundo.
Em 1951 e 1953, falou-se de Cursilhos em Salamanca e Roma.
Em 1953 realizou-se um Cursilho na Colômbia e outro em Valência.
Em 1954 dão-se Cursilhos em Segóvia, Onteniente, Tarragona e Toledo.
Em 1955 celebrou se um Cursilho em Roma.
Depois, o Movimento dos Cursilhos de Cristandade chega à Bolívia e aos Estados Unidos (1957); Peru e México (1958); Venezuela (1959); O primeiro Cursilho de África celebrou-se na Ilha de Fernando Pó (1960); em Portugal também (1960); em Porto Rico (1961); chegaram à Austrália e ao Chile (1963); ao Peru (1964); á Alemanha (1965); e ao Vietname e Correia (1967)..... e tantos e tantos países até ao presente.
Todo o mundo tem podido desfrutar do dom que Deus quis outorgar (...) através dos Cursilhos.
Como refere Jesús Valls Flores em “O Meu Testamento Espiritual de Eduardo Bonnin Aguiló”; nós próprios que fizemos o nosso cursilho há 25 anos nesta Diocese e temos colaborado com o Movimento na realização de Cursilhos, “tivemos a sorte de conhecer de forma directa o testemunho de centenas de pessoas que se converteram à descoberta da sua própria felicidade, nascida de um encontro pessoal em Cristo, graças à vivência de um cursilho depois de se encontrarem consigo mesmas, com Deus e com os outros”.
Os homens e mulheres cursilhistas procuram, pois, levar a todos os ambientes a Boa Nova de que Deus os ama, fermentando com o seu testemunho de amizade, o metro quadrado móvel em que o Senhor os quis colocar.




2 – RECONHECIMENTO DO MCC PELA HIERARQUIA
O que hoje chamamos Cursilhos de Cristandade foi, então, concebido por um grupo de leigos (jovens) liderados por Eduardo Bonnin Aguiló como instrumento do Espírito Santo mas, quem fez a sua estrutura e a disposição dos rolhos e as anedotas, quem idealizou a Reunião de Grupo e a Ultreia foi Eduardo Bonnin. Depois, todos os rolhos, notas e apontamentos foram apresentados à hierarquia; neste caso de Maiorca, ao bispo D. Juan Hervás.
O grupo de leigos com Eduardo à frente e porque precisavam de se sentir mais Igreja, pediram que fossem nomeados sacerdotes para dar apoio espiritual.
Assim, o Movimento dos Cursilhos foi reconhecido pela hierarquia, desde o seu início. Foram muitos os sacerdotes que deram esse apoio espiritual desde o primeiro dia. Muitos o continuam a fazer hoje, felizmente.
O primeiro reconhecimento hierárquico dos cursilhos cabe, sem dúvida a Mons. Hervás. Este Bispo apercebeu-se, de imediato, das novidades que então pairavam no “Céu de Maiorca” e interessou-se imediatamente por elas. Entusiasmou-se com os cursilhos que se realizavam na sua Diocese e abençoou esse presente, que o Senhor tinha dado ao mundo através dos Cursilhos.
Em 1949, numa Assembleia, perante a insistência dos cursilhistas exaltou os Cursilhos com o reconhecimento espiritual proclamando um louvor para sempre:
- “Queridos jovens: abençoo os Cursilhos e aprovo-os. E abençoo-os... não apenas com uma ... mas com as duas mãos.”
A partir deste momento os Cursilhos foram mais Cursilhos, disse, num grito de entusiasmo, Eduardo Bonnin.
O Cardeal Arcebispo de Tarragona, D. Benjamim de Arriba y Castro, chegou a afirmar que os cursilhos acabaram por ser “ uma das sensações mais fortes da minha longa vida”.
O Papa Paulo VI reconheceu o Carisma dos cursilhos perante os cursilhistas reunidos à sua volta e para conhecimento de todo o mundo (Roma, 1ª Ultreia Mundial, 28 de Maio de 1966).
A fé do Papa no MCC levou S. Santidade a exclamar, num grito de esperança:
“ Cursilhistas, Cristo, a Igreja e o Papa contam convosco.”
João Paulo II manteve a mesma linha de Paulo VI e ratificou o campo do apostolado concreto que corresponde à finalidade do Carisma do Movimento, conforme foram inspirados no seu início: “Evangelizar os Ambientes no terceiro milénio cristão: um desafio para os Cursilhos de Cristandade ( Roma, 3ª Ultreia Mundial, 29 de Junho de 2000)”.
3 – O PRIMEIRO CURSILHO DE PORTUGAL EM FÁTIMA ( DIOCESE DE LISBOA)

A vinda para Portugal dos cursilhos, concretizada não só na realização dos mesmos, mas também na implementação das estruturas indispensáveis ao seu regular funcionamento, foi antecedida de participações de alguns padres e leigos portugueses em cursilhos realizados em Espanha.
O primeiro cursilho realizado em Portugal foi através da Diocese de Lisboa, embora realizado em Fátima, depois de muitas vicissitudes e particularidades.
Ainda que, de forma sintética, apresentamos algumas referências das circunstâncias da entrada do MCC em Portugal e da realização do 1º Cursilho em Fátima.

Em finais de 1959 deslocaram-se a Vitória ( Espanha) dois sacerdotes, o padre João Gonçalves da Paróquia de Alcântara (Lisboa) e o Padre Irineu Clemente, pároco de Alvalade (Alentejo) para participarem num retiro espiritual.
Nesse retiro tomaram conhecimento de um novo Movimento de Igreja, chamado Cursilhos de Cristandade que já estava implantado com grande sucesso na Diocese de Vitória. Precisamente nessa data ia realizar-se o 19º cursilho de Vitória. Eles pediram para participar, o que foi aceite pelo Director Espiritual desse Cursilho.

Ambos ficaram entusiasmados como demonstraram os testemunhos apresentados no encerramento ou clausura do Cursilho.
Enquanto permaneceram em Vitória frequentaram os Ultreias e todos as actividades do Movimento.
Durante esse período de tempo foi posta ao Secretariado de Vitória a possibilidade da sua ajuda para o lançamento do Movimento em Portugal. Essa ideia foi acolhida com muita alegria e entusiasmo o que suscitou uma onda de oração e intendência enormes quer nas Ultreias quer nas reuniões de grupo dos cursilhistas de Vitória e de todos as Dioceses de Espanha.
Um outro sacerdote, o padre Jesuita Fernando Leite participa no 25º Cursilho de Ciudade Real e quando regressa a Portugal trás consigo o livro que contém a Carta Pastoral, da autoria de D. Juan Hervás, intitulada “Los Cursilhos de Cristandade, Instrumento de Renovacion Cristiana”, que durante muitos anos constituiu a linha orientadora do MCC.
Na companhia do Padre Espanhol Dâmaso Lambers, que estava na Diocese de Lisboa em trabalhos apostólicos estudam o livro e pedem para ser recebidos pelo Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira a quem expõem os seus desejos e objectivos e de quem recebem uma resposta positiva.
Este já tivera conhecimento do Movimento através do seu amigo o Cardeal Arcebispo de Tarragona.
Foi, então, decidido enviar a Vitória mais um grupo constituído por dois sacerdotes e dois leigos para participarem num Cursilho e darem a sua opinião.
Foram designados o Padre António Ribeiro (mais tarde Patriarca de Lisboa), o cónego António Infante e os leigos António Simões Miguel e Joaquim Pires que participaram no 23º Cursilho de Vitória, em Março de 1960.
Estes sacerdotes e leigos e as orações de muitos com o entusiasmo e liderança sobretudo de Padre João Gonçalves organizam com o Secretariado de Vitória o primeiro Cursilho da Diocese de Lisboa, em Fátima.
Com uma Equipa Reitora de Vitória e Direcção Espiritual do Padre D. Vitoriano Arizti, preparam a Equipa, promovem intendência e dividem tarefas, vindo mesmo mais cedo para Portugal para organizar melhor tudo o que é necessário à realização do mesmo.
O Cardeal Cerejeira quis mesmo ir acompanhando de perto toda a preparação, tal a expectativa que tinha no êxito desse primeiro cursilho em Portugal.
A intendência pedida e realizada em Lisboa foi enorme e de Espanha aos milhares ( diz se que as pequenas folhas de intendência vieram numa caixa que passava mais de 8 Kg).
Finalmente, depois de ultrapassados muitas dificuldades em Fátima, realiza-se o 1º Cursilho de Diocese de Lisboa, com a participação de muitos sacerdotes e 14 leigos (estes sobretudo pertencentes à Joc). De Vitória vieram ao Encerramento cerca de 150 cursilhistas, presidindo à Celebração o Bispo de Leiria, D. João Pereira Venâncio, onde proferiu as seguintes palavras: “Movimento que nasce em Fátima nunca morrerá”.





4 – A EXPANSÃO NAS DIVERSAS DIOCESES DO PAÍS

A semente estava lançada.
A segunda Diocese a receber o MCC foi a do Porto.
No 1º Cursilho, em Fátima, participou um sacerdote e um leigo o Padre Manuel Augusto Ferreira da Silva e Wladimiro Carvalho pertencentes à LOC. Surpreendidos pela invulgar e fantástica experiência que foi a vivência do cursilho decidem ir semanalmente às Ultreias a Lisboa.
Após convidarem mais um leigo José Carlos Teixeira Ribeiro a participar no 2º Cursilho de Lisboa, os três encetam diligências com a hierarquia da Diocese do Porto para que se realize o 1º Cursilho nesta Diocese. Com o apoio dos cursilhistas de Lisboa e através do Secretariado de Vitória, vem uma Equipa orientar o 1º cursilho na Diocese do Porto que se realizou de 15 a 18 de Abril de 1961, no Seminário Maior do Porto.
A 3ª Diocese a receber os Cursilhos é Évora. Tal como em Palma de Maiorca, depois de uma Peregrinação, desta vez a Fátima, vários sacerdotes refletem sobre a ausência de homens nas Igrejas e ouvindo falar do novo Movimento surgido em Espanha apresentam o Projecto ao seu Bispo e com a sua aceitação e apoio decidem lançá-lo na sua Diocese. De 3 a 6 de Janeiro de 1962 realiza-se o 1º Cursilho desta Diocese dirigido por uma Equipa de Badajoz, apoiada por um sacerdote e dois leigos de Lisboa.
Segue-se a Diocese Portalegre/Castelo Branco de 10 a 13 de Janeiro de 1963 a realizar o 1º Cursilho, nele participando 33 homens, orientado por uma Equipa de Ciudad Real integrando como auxiliares um sacerdote e seis leigos portugueses.
A Diocese de Braga foi a penúltima das 5 que receberam o Movimento directamente de Espanha.
O Bispo Auxiliar de então, D. Francisco Maria da Silva participa ele próprio num cursilho em Tui (Espanha) e em acordo com o Bispo da Diocese decidem que o Movimento venha para a Arquidiocese.
Uma Equipa de Tui vem orientar esse primeiro Cursilho, de 19 a 22 de Setembro de 1962 onde participam 31 leigos e 9 sacerdotes entre os mais o saudoso Con. Eduardo Melo Peixoto mais tarde e durante toda a sua vida, Director Espiritual do Movimento, em Braga.
O Bispo D. Francisco da Silva esteve presente ao longo de todo o Cursilho. Estiveram no Encerramento cursilhistas de Tui e do Porto.
O 2º Cursilho, da arquidiocese de Braga, realizou-se em Guimarães, ainda dirigida por uma equipa de Tui. O 3º já foi dirigido por uma equipa Portuguesa.
A expansão do MCC surge naturalmente como expressão de amor.
Todos os que passaram por um cursilho sabem quanto se sentiram felizes durante aqueles três dias.
Esse sentimento resulta do clima que se vive no Cursilho e do ambiente de amor que se verifica entre os elementos da Equipa Reitora, as vivências que se contam nos Rolhos, a ajuda e amizade para com todos. Depois, todos os que vivem esta experiência sentem a necessidade de retribuir essa amizade a outros para que também venham usufruir e viver essa felicidade.
Ora é neste ambiente, onde por um lado, as pessoas que fizeram os Cursilhos fora da sua Diocese se empenham em trazê-lo para a sua área e por outro lado o grupo daquelas pessoas oriundas de outras Dioceses, se dispõem a ajudar para que numa nova Diocese “nasçam” os cursilhos.
Assim, foi neste clima que nos anos de 1960 e 1961 se inicia o Movimento nas Dioceses de Lisboa e Porto. Em 1962 em mais cinco Dioceses. Dois anos mais tarde em mais 8 das actuais Dioceses e três anos a seguir nas restantes 5 Dioceses. Na mesma altura também nos PALOP .

5 – DIOCESE DE BRAGANÇA

Foi também assim, que por último, pertenceu à Diocese da Guarda apoiar o lançamento dos Cursilhos na Diocese de Bragança – Miranda.
Á semelhança dos outros casos também a introdução do MCC na nossa Diocese foi antecedida pela participação de algumas dezenas de leigos, homens e senhoras e também alguns sacerdotes residentes na Diocese, em Cursilhos em Portalegre, Braga Vila Real e Guarda, a maioria dos quais nesta última cidade.
Ao Secretariado da Guarda, a pedido do então Bispo da nossa Diocese D. Abílio Vaz das Neves e ao trabalho desenvolvido pelos referidos leigos onde se destacaram sobretudo António Jacinto Barreto e o José Xavier Fernandes, se deve a realização do 1º Cursilho de Diocese de Bragança que teve lugar no Colégio de S. João de Brito, em Bragança, de 23 a 26 de Setembro de 1964.
Participaram nesse Cursilho 27 leigos e 7 sacerdotes.
A equipa de Leigos tinha 10 membros, seis dos quais da Guarda, incluindo o Reitor e o Director Espiritual respectivamente Joaquim Duarte Gavinhos e o Padre Vitor Feitor Pinto mais dois de Bragança e dois de Vinhais.
O Cursilho de Senhoras, também apoiado pela Diocese da Guarda, realizou-se em Alvites, de 29 de Julho a 1 de Agosto de 1965 e nele participaram 33 senhoras.
A equipa dirigente era constituída por 2 sacerdotes de Bragança, os Padres António Ribeiro e Fernando Augusto Rodrigues e 11 senhoras das quais 6 eram da Guarda, incluindo a Reitora e 3 de Bragança.
Depois, nos Cursilhos de homens, até ao 4º inclusive o Director Espiritual veio da Guarda e até ao 5º também o Reitor. Só a partir do 6º Cursilho, a Equipa Dirigente passou a ser constituída apenas por elementos da Diocese de Bragança.
No caso dos Cursilhos de Senhoras, a Direcção Espiritual foi constituída por sacerdotes de Bragança desde o 1º Cursilho enquanto que a Reitora veio da Guarda até ao 4º Cursilho acompanhada de algumas dirigentes.
Dos dados que conseguimos recolher, verificamos que os Cursilhos, até 1970, ou seja até ao 25º de homens e 11º de senhoras foram realizados no Solar de Alvites com as seguintes excepções:
o 1º, 4º e 9º de de Homens que se realizaram no Colégio de S. João de Brito em Bragança e o 12º no Convento de Balsamão e no caso dos Cursilhos de Senhoras apenas o 6º se realizou no referido Colégio e o 10º em Sendim.
A partir do “recomeço”, em 1981, os Cursilhos passaram a realizar-se na Casa do Clero em Cabeça Boa.
Entre 1972 e 1981 o Movimento teve um período de interrupção na nossa Diocese.
Para preparar o relançamento, um grupo de cursilhistas – o Abílio Rodrigues, o Domingos Miranda, o Hernâni Portugal e o José Jorge Nogueira – participaram no 2º Reencontro Nacional, em Fátima, de 3 a 5 de Abril de 1981. Outro grupo de cursilhistas leigos - o Jorge, o Belmiro Dias e o Carlos Genésio participaram no curso 154º de Homens de Diocese do Porto onde partilharam todas as actividades com a equipa Reitora.
Estas participações como que serviram de preparação criando o entusiasmo e a energia apostólica necessárias ao reinício da actividade do Movimento na nossa Diocese, que se consubstanciou na realização do 27º Cursilho de Homens, realizado de 17 a 20 de Junho de 1981, na Casa do Clero, em Cabeça Boa e o 11º Cursilho de Senhoras, realizado também em Cabeça Boa, de 6 a 9 de Julho de 1983. Nesta Equipa Reitora e também no 12º esteve presente uma Dirigente do Secretariado de Viana do Castelo, Maria Nadir Lima.
No ano de 1991, alguns leigos de Chaves, da Diocese de Vila Real, pediram para participar nos cursilhos da nossa Diocese o que foi aceite porque na sua, o Movimento não tinha actividades. Em 1993, o Núcleo Cursilhista de Chaves, solicitou ao Bispo da sua Diocese ( Vila Real) para que autorizasse a realização de um cursilho em Chaves.
Tendo sido aceite essa iniciativa, formalizou o pedido junto do Bispo de Bragança, D. António Rafael que autorizou que uma Equipa Reitora de Bragança ( sacerdotes e leigos, fossem orientar o cursilho nº 17, em Chaves , de 30 de Junho a 3 de Julho de 1993, onde tive a graça de colaborar.
Até à presente data realizaram-se na nossa Diocese, 57 cursilhos de homens e 39 de senhoras tendo participado, nesta maravilhosa experiência de Deus, cerca de 2500 leigos e cerca de 100 sacerdotes.
(Ao nível de todo o País estiveram num cursilho mais de 130 000 pessoas e ao nível mundial mais de 2 milhões).
Nós todos, aqui presentes, somos alguns desses participantes; algum desse fermento espiritual, que pretendemos viver e anunciar Jesus Cristo nos nossos ambientes.
Não podendo indicar os nomes de todos os que, de alma e coração, se dedicaram ao Movimento, até porque algum lapso poderia omitir nomes, não se faz referência a quase ninguém. Estes muitos milhares que referimos têm dado o melhor de si próprios, com uma disponibilidade e uma generosidade inexcedíveis e o Senhor da Messe, na sua misericórdia não deixará de recompensar.










6 – ESTRUTURAS E ACTIVIDADES

Como referimos no início, os cursilhos de Cristandade são “espírito” movem-se no plano espiritual, para provocar “fome de Deus”. A sua finalidade é também conseguir que a Boa Nova do Evangelho chegue ao maior número de pessoas possível e de preferência aos mais afastados para que se convertam; ao sentirem-se amados por Deus, mudem os seus horizontes e as suas perspectivas.
Foram, então, criados por Eduardo Bonnin, para que, aqueles que participam, possam viver o 4º dia, a partir do fundamental cristão em convivência caritativa e apostólica.
Mas, dizíamos que os cursilhos são “ espírito” ou fruto do Espírito Santo mas a sua vivência no mundo precisa de uma estrutura organizativa, para o desenvolvimento e o crescimento no mundo desse “espírito”.
Falemos então da sua organização.
Existe o O M C C , o Secretariado Nacional de cada País, os Secretariados Diocesanos, a Escola de Dirigentes e os Centros de Ultreia.
A nível mundial orienta o “OMCC”. A nível Nacional coordena o Secretariado Nacional que se articula obviamente com a orientação do Cardeal Patriarca. A nível Diocesano, como é o nosso caso, existem os Secretariados Diocesanos nomeados pelo respectivo Bispo em conexão e colaboração com o Secretariado Nacional, depois, a Escola de Dirigentes (a funcionar apenas em Bragança).
A Diocese tem, neste momento, a funcionar 12 Centros de Ultreia. Em cada Centro existem os Grupos que se reunem, normalmente, ao início de cada Ultreia.
Porque é necessário organizarmo-nos para funcionar e é indispensável darmos testemunho do nosso “ser cristão”, nos ambientes onde vivemos, mas também nas várias comunidades e no mundo; o Movimento realiza diversas actividades onde convida os cursilhistas a participar, como é o caso desta Peregrinação Diocesana.
A nível nacional realizaram-se ( e continua realizar-se) também Peregrinações, Congressos, Ultreias e outro tipo de reuniões. Igualmente se faz ao nível europeu. Neste caso ainda todos nos recordamos da Peregrinação e Ultreia Europeia, realizada em Fátima de 11 a 14 de Abril de 2009, onde estiveram mais de uma centena de cursilhistas da nossa Diocese. Estiveram ainda presentes o Presidente do Organismo Mundial do MCC, mais de uma dezena de bispos, representantes de muitos países e mais de 20.000 cursilhistas de todo o país.
A nível mundial, além de diversas reuniões, realizaram-se até agora 4 Ultreias:
– a 1ª Ultreia mundial – 1996, Roma, Itália – 28 de Maio de 1966
– a 2ª Ultreia mundial – 1970, Tlaxcala, México – 23 de Maio de de 1970
– a 3º Ultreia mundial – 2000, Roma, Itália – 29 de Julho de 2000
– a 4º Ultreia mundial – 2009, Anaheim, Califórnia – USA – 1 de Agosto de 2009

Como nós costumamos afirmar, e bem, a participação nestas acções e hoje nesta Peregrinação, é uma oportunidade para darmos testemunho da nossa certeza em Jesus Cristo e partilhar o Seu amor e amizade.
O Secretariado Diocesano, como todos os Secretariados, elabora e procura realizar o seu Plano de Actividades Anual que todos vós conheceis, onde se referem as datas e horários quer das suas reuniões, das diversas Ultreias nos Centros, (regionais e diocesanas), das outras acções, das reuniões ao nível da zona Norte e nacionais, dos cursilhos a realizar, etc.
Actualmente dão orientação e apoio espiritual, de uma forma directa, às actividades do Movimento mais de 12 sacerdotes nos diversos Centros de Ultreia.
A todos, mas especialmente aos que pertencemos às estruturas do Movimento ou de algum modo temos funções de dirigentes ou orientação, faço a todos um pedido, peçamos ao Senhor o dom da humildade para que seja a luz de Cristo, e não a nossa, a brilhar.
O ex Presidente do OMCC, Juan Ruiz, lembra-nos isso quando refere no seu Boletim Mensal, em Outubro de 2009: - “O Secretariado e a Escola de Dirigentes dos Cursilhos hão-de ser organismos com uma estrutura mínima para o exercício do fundamental, porque “o excesso de organização mata a vida”.
É característica dominante e essencial no Secretariado e na Escola de Dirigentes que a estruturação esteja ao serviço da autenticidade do conteúdo e objectivos dos Cursilhos, ou seja, da vivência do Fundamental Cristão, fruto do “encontro” do Cursilho e potenciada pelo desenvolvimento posterior.
Porque não há servos, mas amigos,
Porque não há personagens mas pessoas...
Porque melhor se escutam os discípulos...
Nem lições, nem mestres, nem ordens, nem autoridade...apenas SERVIÇO.”

7 – LIVROS E PUBLICAÇÕES

Existem diversos livros sobre os Cursilhos de Cristandade que se encontram disponíveis no Secretariado Nacional e Diocesano.
Sugestões de de livros: - Ideias Fundamentais, Para Caminhar nos Cursilhos de Cristandade, Eduardo Bonnin – Um Aprendiz de Cristâo, O meu Testamento Espirital - Eduardo Bonnin, Reunião de Grupo – Teoria da Prática., etc.
O Secretariado Nacional publica trimestralmente a Revista Peregrino, que todos os cursilhistas deveriam ler, pois traz sempre muita informação, trabalhos e rolhos para ajudar os Centros.
O OMCC publica mensalmente um Boletim com informações úteis, actualizadas e necessárias à nossa formação cristã e cursilhista.
Diversos Secretariados Diocesanos publicam jornais ou folhas informativas. São exemplos o “Fermento” do Secretariado do Porto e o “Mais Além” do Secretariado de Braga.















CONCLUSÃO

O presente apontamento não pretendeu referir apenas factos em si mesmos, ainda que verdadeiros e importantes, mas reflectir um pouco sobre a história dos Cursilhos, para a todos, nos ajudar a viver este Jubileu dos 50 anos dos Cursilhos em Portugal, como uma oportunidade de mergulhar na sua essência e finalidade em ordem a um entusiasmo apostólico maior e mais contagiante da nossa fé em Jesus Cristo – mais consciente, mais crescente e mais comunicada.
Como aponta José Froes, é a hora de darmos testemunho de Cristo vivido, espelhado naquilo que dizemos e fazemos: a descoberta da novidade de Deus de amor, da Igreja da Fé, e do sempre novo “ser cristão”. Sentir em cada dia a passagem sempre nova e renovadora do Espírito Santo a transformar as nossas vidas em nova terra e novos céus ; redescobrir a alegria perene e transbordante de viver em graça “á pressão”.
Que a Boa Nova que os Espírito Santo ofereceu à Igreja, através de Eduardo Bonnin, com a criação do MCC e agora através de nós, com empenho e humildade demos testemunho de um novo rosto de Cristo e da Igreja como resposta aos anseios de espiritualidade que o mundo actual e os nossos ambientes em particular anseiam e necessitam.
Como alguém referiu, parafraseando S. Paulo (I. Cor. 3, 5-9) possamos em verdade exclamar: “O MCC semeia, os cursilhistas regam e Deus dá o incremento a esta sementeira radiosa e imparável”. Sejamos apóstolos nos nossos ambientes.
Num abraço para todos em Jesus Cristo, que sempre nos mantenha unidos no seu amor e amizade, por intercessão de Nª Senhora do Amparo, para darmos bons frutos apostólicos.



DE COLORES
Marcolino Gonçalves
Maio de 2010